Francisco Cândido Xavier
1910 – 2002
Filho de um
operário pobre e inculto, João Cândido Xavier, e de uma lavadeira chamada Maria
João de Deus, falecida em 1915, quando o filhinho contava apenas com 5 anos de
idade. Na altura tinha mais 8 irmãos, tendo todos sido distribuídos por vários
familiares e pessoas amigas. Como órfão de mãe em tenra idade, sofreu muito em
casa de pessoas de precária sensibilidade.
Aos nove anos
seu pai, já casado novamente, empregou-o como aprendiz numa indústria de fiação
e tecelagem. De manhã, até às 11 horas, freqüentava a escola primária pública,
depois trabalhava na fábrica até às 2 horas da madrugada. Aprendeu mal a ler e
a escrever. Quando concluiu o pequeno curso da escola pública empregou-se como
caixeiro numa loja e mais tarde como ajudante de cozinha e café.
Em 1933 o Dr.
Rômulo Joviano, administrado da Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura,
As suas
faculdades mediúnicas foram extraordinárias, Sua mediunidade (capacidade natural
de ser intermediário entre o plano material e o plano espiritual)
manifestou-se, quando tinha 4 anos de idade, pela clarividência e
clariaudiência, pois via e ouvia os Espíritos e conversava com eles sem a mínima
suspeita de que não fossem homens normais do nosso mundo. Já como jovem e
depois como adulto, muitas vezes não diferencia de imediato os homens dos
Espíritos. Aos 5 anos, já órfão de mãe, esta manifestou-se várias vezes junto
dele encorajando-o e dizendo-lhe que não poderia ir para casa porque estava em
tratamento, mas que enviaria um bom anjo que juntaria novamente a família. Esse
bom anjo foi a D. Cidália, a segunda esposa de João Xavier, que para casar com
o seu pai fez questão de reunir todos os filhos do primeiro casamento e lhe
daria depois mais cinco irmãos.
Quando tinha 17
anos, fundou-se o grupo espírita Luiz Gonzaga, onde rapidamente desenvolveu a
psicografia, isto é, a faculdade de escrever mensagens dos Espíritos. Época em
que se desligaria da Igreja Católica onde deu os primeiros passos na
espiritualidade, mas onde não encontrava explicação para os fenômenos que se
passavam com ele, designadamente à perseguição de espíritos inferiores de que
era alvo. O padre que o ouvia nas confissões foi um conselheiro, um verdadeiro
pai e não o dissuadiu do caminho que iniciou no Espiritismo, mas abençoou-o e
nunca deixou de ser seu amigo.
No centro
espírita começou a psicografar poemas notáveis de famosos poetas mortos, num
nível literário tão elevado que os próprios companheiros do grupo não
conseguiam atingir integralmente o seu conteúdo. Muitos desses poetas eram
totalmente desconhecidos do meio, nomeadamente alguns portugueses: António
Nobre, Antero de Quental, Guerra Junqueira e João de Deus. A 9 de Julho de
1932, seria publicada a célebre PARNASO DE ALÉM-TÚMULO, a sua primeira obra
psicografada que iria abalar os meios intelectuais do Brasil e tornar conhecida
a pacata Pedro Leopoldo. O estilo dos 56 poetas mortos, entre os quais vários
portugueses, era precisamente idêntico ao estilo dos mesmos enquanto vivos,
informavam os literatos das academias e universidades dos grandes centros
culturais do Brasil, embora não soubessem explicar o fenômeno. Seria o início
da sua imponente obra mediúnica que ultrapassou os 400 livros.
Bastava apenas
um desses livros para constituir um roteiro seguro para o homem na Terra rumo à
sua alforria, à sua felicidade. Seus ensinamentos revivem plenamente o Evangelho
de Jesus e as lições do Consolador que Kardec -- o discípulo fiel de Jesus --
nos legou com tanto sacrifício e renúncia.
Mas de mil
entidades espirituais nos deram informações através das suas abençoadas mãos,
provando à saciedade a imortalidade do Espírito e a sua comunicabilidade com os
homens. Mas falar de Chico Xavier é falar de EMMANUEL que indelevelmente esteve
ligado à sua missão. Esse venerando Espírito foi o seu protetor espiritual e
manifestou-se-lhe pela primeira vez de forma ostensiva em 1931, acompanhado-o
desde então. A respeito desse Benfeitor espiritual nos diz o próprio médium:
Lembro-me de que num dos primeiros contactos comigo, ele me preveniu que
pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de
tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse
mais que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de
acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e
Kardec, procurando esquecê-lo.
Emmanuel propõe
ainda ao jovem Xavier mais três condições para com ele trabalhar: 1ª condição,
DISCIPLINA 2ª condição, DISCIPLINA, 3ª condição, DISCIPLINA.
Entre as muitas
dezenas de obras mediúnicas de Emmanuel, destacamos os cinco documentos
históricos, retirados dos arquivos do plano espiritual, que constituem autênticas
obras primas de literatura, e que nos mostram o nascimento do cristianismo e a
sua paulatina adulteração logo nos primeiros séculos da era. São os romances
mediúnicos baseados em fatos verídicos: HÁ 2000 ANOS... (a autobiografia de
Emmanuel, a história do orgulhoso senador romano Publius Lentulus), 50 ANOS
DEPOIS, AVE CRISTO, RENÚNCIA e PAULO E ESTEVÃO (a história de um coração
extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do
Mestre, num esforço incessante). Esta última obra, de 553 paginas, por si só
justificaria a missão mediúnica de Chico Xavier, segundo o erudito J. Herculano
Pires.
Em 1943 começara
a utilizar a mediunidade do abnegado médium uma nova entidade espiritual que
assinará as suas mensagens com o nome André Luiz. Quem não conhece a quadra:
Não se irrite. SORRIA
Não critique. AUXILIE
Não grite. CONVERSE
Não acuse. AMPARE
André Luiz é o
pseudônimo utilizado por um espírito que foi médico e cientista na sua última
existência e que desencarnou numa clínica do Rio de Janeiro pelo início da década
de trinta. É considerado o verdadeiro repórter de além-túmulo. Relata-nos numa
séria de 11 livros a experiência do seu passamento, as dificuldades iniciais, o
reencontro com familiares e conhecidos que o precederam na partida para o plano
espiritual a observação e as expedições de estudo junto de Espíritos de elevada
evolução. Esses relatos começam com o já célebre, livro NOSSO LAR (nome duma
cidade do plano espiritual), hoje traduzido em vários idiomas, entre eles o
Japonês e o Esperanto e que já vai além da 40ª edição
A obra
monumental de Chico Xavier que se considerava, segundo suas próprias palavras:
um servidor humilde -- humilde no sentido da desvalia pessoal, jamais serviu
para beneficiar materialmente a sua pessoa. Todos os direitos autorais foram
cedidos graciosamente a instituições espíritas, nomeadamente à Federação
Espírita Brasileira, e a instituições de solidariedade social. Quando as
autoridades públicas lhe concediam títulos de cidadania (mais de cem lhe foram
concedidos) diz que o mérito não era para ele, mas para os Espíritos e, sobretudo
para a Doutrina Espírita que revive os ensinamentos de Jesus na sua plenitude e
que ele não passava de um poste obscuro para a colocação do aviso de que a
Doutrina Espírita foi premiada com essas considerações públicas.
Há que registrar
também que várias centenas de instituições de solidariedade social forma
criadas e inspiradas no seu exemplo e obra: orfanatos, escolas para os pobres,
lares de deficientes, sopas dos pobres, campanhas do quilo, ambulatórios
médicos, alfabetização de adultos, bibliotecas, etc., etc.
Antes de
encerrarmos estas notas gostaríamos de registrar ainda o seu ponto de vista em
relação às outras doutrinas, filosofias e ideologias, aliás, que são o do
próprio Espiritismo, mas passemos-lhe novamente a palavra:
“- Nosso amigo
espiritual, Emmanuel, nos aconselha a respeitar crenças, preconceitos, pontos
de vista e normas de quaisquer criaturas que não pensem como nós, mas
adverte-nos que temos deveres intransferíveis para com a Doutrina Espírita e
que precisamos guardar-lhe a limpidez e a simplicidade com dedicação sem
intransigências e zelo sem fanatismo.”
Estes são alguns
dos traços biobibliográficos desse abnegado benfeitor que renunciou a tudo para
que o mundo seja um pouco melhor e que atendia pelo nome simples de Chico Xavier.
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