Coisas do cérebro, coisas do coração
Prezado leitor deste singelo escrito, a coisa não é fácil
não.
Tornar-se espírita e mergulhar no mundo novo do
conhecimento que ela proporciona é maravilhoso. Mas há de se ter equilíbrio, na
balança da aquisição do conhecimento e do desenvolvimento do sentimento.
Chico Xavier nos ensina:
“A sabedoria é o
caminho, o amor é a luz”.
Um caminho às escuras, provavelmente, nos conduzirá à
perdição. O bom sentimento, dá sentido ao gênio.
Emmanuel, no prefácio do livro Missionário da Luz estabelece:
“...o Espiritismo como Consolador da
Humanidade, possui também a feição de movimento libertador de consciências e
corações.”
Ninguém alcançará o céu merecido, sem esforço constante e
nem à custa somente de meras palavras encontradas nas ideologias religiosas ou
nos tratados das respeitáveis instituições humanas.
Atualmente, no tocante às preciosas lições derramadas na
Terra pela Doutrina Espírita, existe considerável acervo de conhecimento para o
homem que, acredito, nem nos próximos 50 anos será possível, de todo, ser
absorvido. Os ensinamentos de Jesus, lavrados em palavras de vida eterna, e
desdobrados pelos esclarecimentos na Codificação kardequiana, também já são
mais que suficientes para implantar o Reino dos Céus no coração humano.
Toda revelação adicional que possa vir por intermédio dos
benfeitores espirituais não substituirá o “amai-vos
uns aos outros como eu vos amei”. Chico Xavier, quando indagado sobre qual
novidade os espíritos superiores poderiam nos brindar, ele respondia com
tranquilidade:
“A novidade? A
novidade é o Evangelho”.
Obter o conhecimento que descortina horizontes novos,
conquanto entendamos indispensável, não deve superar e nem relegar a segundo
plano o desenvolvimento do nosso sentimento. Ademais, no campo das revelações
espirituais, os médiuns na Terra, em sua quase totalidade, não apresentam
condições cerebrais de receber além do que médiuns melhores preparados, tem
recebido.
Vou mais longe: amanhã ou depois, se a Ciência comprovasse
e admitisse a imortalidade e, consequentemente a reencarnação, o que a
Humanidade faria em seguida? Todos os conflitos e as adversidades cessariam?
Para nós espíritas, as adversidades e tanto os conflitos
externos quanto os internos, deixaram de existir com o saber adquirido fruto do
contato com a doutrina espírita? Avançamos, talvez, alguns milímetros na régua
da evolução, a partir da posse deste conhecimento?
Os seres humanos, como células do organismo social da
Humanidade, estamos doentes! Logo, o tecido humanitário está também doente.
A terapêutica? Movimentar as qualidades do sentimento que
dormem no íntimo de cada um de nós. Chico Xavier em sua sabedoria, como um dos
mais lúcidos apóstolos do Cristo dizia:
"A caridade é um exercício espiritual,
quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma."
A prioridade, para espíritos de nosso patamar evolutivo,
deve ser reestruturar-se intimamente. Allan Kardec, atento para esta necessidade,
a qual todo aquele que se propõe evoluir deverá executar desligando-se das
amarras das próprias imperfeições, afirmou:
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela
sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más
inclinações. ”
Dr. Inácio, no livro Reencarnação
no mundo espiritual, faz interessante colocação ao afirmar que quando nos
esforçamos para evoluir, o corpo físico é nosso primeiro adversário. Esclarece
o eminente psiquiatra uberabense:
“Precisamos dizer aos nossos irmãos de
ideal que determinados achaques orgânicos são naturais, quando o espírito se
empenha em sua própria renovação. É, figuradamente, a matéria nos
reclamando a posse. O corpo pressente, quando o espírito começa a querer se
emancipar e lhe cria embaraços - a gente
tem a impressão que, de repente, todos os órgãos começam a conspirar contra o
nosso crescimento espiritual”
Principalmente para aqueles que ao longo das encarnações
vivem a “fazer acordo com a consciência,
tentando suborná-la às custas de alguma caridade material” ou outro
instrumento de barganha. Muita luz para quem há séculos vive na treva, pode
ser perturbador.
Quando o Espiritismo, pela nossa adesão aos seus princípios
libertadores, abre um pouquinho só, a janela de nossa mente e ativa nossa
conscientização, o “problema” começa. Digo, problema entre aspas, pois para
quem se acostumou na ilusão de viver por sucessivas encarnações sem assumir e
assumir-se, um pequeno facho de luz, pode causar grande estrago. Não foi assim
com Paulo de Tarso na estrada de Damasco?
Temos que retomar a posse dos nossos destinos e sermos os
protagonistas das nossas encarnações. Gradualmente, aos poucos, mas de maneira
perseverante.
Concluo, fazendo coro com a sábia frase do Dr. Inácio: “Não temos nem preparo físico para receber
mais luz. ”
Referências
(1) Luiz, André. Missionários da Luz. Psicografado
por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1982. 347p.
(2) Ferreira, Inácio. Reencarnação no mundo espiritual. Psicografado
por Carlos A. Baccelli. 1ª ed. Uberaba. Editora LEEPP, 2008. 406p
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