segunda-feira, 7 de abril de 2025

 

Coisas do cérebro, coisas do coração

Prezado leitor deste singelo escrito, a coisa não é fácil não.

Tornar-se espírita e mergulhar no mundo novo do conhecimento que ela proporciona é maravilhoso. Mas há de se ter equilíbrio, na balança da aquisição do conhecimento e do desenvolvimento do sentimento.

Chico Xavier nos ensina:

“A sabedoria é o caminho, o amor é a luz”.

Um caminho às escuras, provavelmente, nos conduzirá à perdição. O bom sentimento, dá sentido ao gênio.

Emmanuel, no prefácio do livro Missionário da Luz estabelece:

“...o Espiritismo como Consolador da Humanidade, possui também a feição de movimento libertador de consciências e corações.”

Ninguém alcançará o céu merecido, sem esforço constante e nem à custa somente de meras palavras encontradas nas ideologias religiosas ou nos tratados das respeitáveis instituições humanas.

Atualmente, no tocante às preciosas lições derramadas na Terra pela Doutrina Espírita, existe considerável acervo de conhecimento para o homem que, acredito, nem nos próximos 50 anos será possível, de todo, ser absorvido. Os ensinamentos de Jesus, lavrados em palavras de vida eterna, e desdobrados pelos esclarecimentos na Codificação kardequiana, também já são mais que suficientes para implantar o Reino dos Céus no coração humano.

Toda revelação adicional que possa vir por intermédio dos benfeitores espirituais não substituirá o “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Chico Xavier, quando indagado sobre qual novidade os espíritos superiores poderiam nos brindar, ele respondia com tranquilidade:

“A novidade? A novidade é o Evangelho”.

Obter o conhecimento que descortina horizontes novos, conquanto entendamos indispensável, não deve superar e nem relegar a segundo plano o desenvolvimento do nosso sentimento. Ademais, no campo das revelações espirituais, os médiuns na Terra, em sua quase totalidade, não apresentam condições cerebrais de receber além do que médiuns melhores preparados, tem recebido.

 Nesta linha de raciocínio tentaremos ser mais claro com alguns questionamentos que nos conduzam à reflexão. O que temos feito com o conhecimento espírita, ao qual, ao longo da atual existência tivemos e temos contato? Adeptos de uma doutrina essencialmente reencarnacionista, em que ponto o conhecimento, por exemplo, da reencarnação, com suas evidentes consequências, já nos modificou a intimidade para melhor? Reflita e responda sinceramente.

Vou mais longe: amanhã ou depois, se a Ciência comprovasse e admitisse a imortalidade e, consequentemente a reencarnação, o que a Humanidade faria em seguida? Todos os conflitos e as adversidades cessariam?

Para nós espíritas, as adversidades e tanto os conflitos externos quanto os internos, deixaram de existir com o saber adquirido fruto do contato com a doutrina espírita? Avançamos, talvez, alguns milímetros na régua da evolução, a partir da posse deste conhecimento?

Os seres humanos, como células do organismo social da Humanidade, estamos doentes! Logo, o tecido humanitário está também doente.

A terapêutica? Movimentar as qualidades do sentimento que dormem no íntimo de cada um de nós. Chico Xavier em sua sabedoria, como um dos mais lúcidos apóstolos do Cristo dizia:

"A caridade é um exercício espiritual, quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma."

A prioridade, para espíritos de nosso patamar evolutivo, deve ser reestruturar-se intimamente. Allan Kardec, atento para esta necessidade, a qual todo aquele que se propõe evoluir deverá executar desligando-se das amarras das próprias imperfeições, afirmou: 

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações. ”

Dr. Inácio, no livro Reencarnação no mundo espiritual, faz interessante colocação ao afirmar que quando nos esforçamos para evoluir, o corpo físico é nosso primeiro adversário. Esclarece o eminente psiquiatra uberabense:

“Precisamos dizer aos nossos irmãos de ideal que determinados achaques orgânicos são naturais, quando o espírito se empenha em sua própria renovação. É, figuradamente, a matéria nos reclamando a posse. O corpo pressente, quando o espírito começa a querer se emancipar e lhe cria embaraços -  a gente tem a impressão que, de repente, todos os órgãos começam a conspirar contra o nosso crescimento espiritual”

Principalmente para aqueles que ao longo das encarnações vivem a “fazer acordo com a consciência, tentando suborná-la às custas de alguma caridade material” ou outro instrumento de barganha. Muita luz para quem há séculos vive na treva, pode ser perturbador.

Quando o Espiritismo, pela nossa adesão aos seus princípios libertadores, abre um pouquinho só, a janela de nossa mente e ativa nossa conscientização, o “problema” começa. Digo, problema entre aspas, pois para quem se acostumou na ilusão de viver por sucessivas encarnações sem assumir e assumir-se, um pequeno facho de luz, pode causar grande estrago. Não foi assim com Paulo de Tarso na estrada de Damasco?

Temos que retomar a posse dos nossos destinos e sermos os protagonistas das nossas encarnações. Gradualmente, aos poucos, mas de maneira perseverante.

Concluo, fazendo coro com a sábia frase do Dr. Inácio: “Não temos nem preparo físico para receber mais luz. ”

 

Referências

(1) Luiz, André. Missionários da Luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1982. 347p.

(2) Ferreira, Inácio. Reencarnação no mundo espiritual. Psicografado por Carlos A. Baccelli. 1ª ed. Uberaba. Editora LEEPP, 2008. 406p

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  O mal de muitos   Transcrevo mensagem de uma irmã desencarnada, recebida na reunião mediúnica no dia 11 de março de 2025, na sede do G...