Fraternidade,
de fato.
“E que ninguém peça ao Céu determinadas receitas de fraternidade, porque a fórmula sagrada e imutável permanece conosco
no “amai-vos uns aos outros”
Emmanuel – Pão Nosso,
capítulo 10
A palavra
fraternidade tem origem no latim fraternitas, que significa
"irmandade", "conjunto de irmãos" ou "afeição entre
irmãos".
Juntamente com os termos liberdade
e igualdade, a fraternidade está
profundamente ligada ao conjunto de ideias que caracterizou grande parte do
pensamento revolucionário francês no século dezoito.
Encontramo-la no primeiro artigo
da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, proclamada
pela ONU em 1948: “Todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir
em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.
Composta
por 30 artigos, essa declaração procurou estabelecer um ideal comum a ser
atingido por todas as nações que a subscreveram. Se respeitada e atendida, viveríamos
há muito tempo, na Terra regenerada. Porém,
não é este o panorama atual do nosso amado planeta.
De fato, os países são compostos
pelos seres humanos e aí é que está o problema. Sabemos que não é pela falta de
organizações e instituições, até mesmo as ONGs, que a fraternidade não se
estabelece.
Fornecendo um exemplo, em breve
pesquisa, identificamos que jamais, como nestes últimos lustros, o comércio
armamentista cresceu tanto e os gastos militares bateram recordes em todos os
países. De acordo com os dados do último relatório do Instituto de Pesquisa para a Paz de
Estocolmo, em Abril/2024, o total
das despesas militares globais atingiu U$ 2.443 trilhões de dólares no ano de 2023, liderados
pelos Estados Unidos, China e Rússia.
Difícil de acreditar que há um
propósito sincero de fraternidade e de igualdade, tão propalado pelas autoridades, se somente pequena parcela
deste valor seria suficiente para mudar a história de bilhões de pessoas. Questionamo-nos
por que estas mudanças não são implementadas?
Não obstante acreditarmos que hajam intenções respeitáveis, o que
verificamos é que, sem que as nações aprendam a prática da fraternidade
verdadeira, todos os movimentos pró-paz, com as naturais exceções, não passam
de encenações diplomáticas retardando a tranquilidade no mundo.
Caro leitor, analisemos a situação atual. A questão é a falta de
sólido alicerce.
Desde os tempos remotos, as sociedades têm sido edificadas à
revelia do Evangelho de Jesus, necessitando as suas bases de mais profundas
transformações. Muito embora, muitas delas fossem alicerçadas sob diversas crenças religiosas (Cristianismo, Islamismo, Catolicismo, Hinduísmo e tantos
outros ismos), não se sustentam e sucumbem, mesmo sob estatutos religiosos que,
por conveniência e escusos interesses, deturpam e falseiam as mais santas
interpretações.
A adesão a um sistema religioso deveria nos conduzir à vivência do
amor fraterno entre todos, sob pena de, em não fazendo, tornarmos nossa crença estéril
e egoísta, segundo o ensinamento de Jesus, há mais de dois mil anos, no
episódio da figueira estéril.
A Doutrina Espirita sendo uma síntese gloriosa de fraternidade e
de amor, ao esclarecer a inteligência humana, cria campo mental fértil para
entendermos o “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”, em sua profunda
significação.
Prezados espíritas, não deixemos que está luz em forma de
doutrina, venha a sofrer, como outrora outras religiões, nefastos processos de
hierarquização, elitismo e luta pelo poder (qual poder?), da maneira como temos
observado.
Esforçar-nos para vivenciar aquilo que pregamos; colocar a
fraternidade à frente respeitando os diferentes pontos de vistas, evitar
conflitos desnecessários, principalmente se o motivo for cargo no centro
espírita ou direção de reunião mediúnica; e principalmente, sob o meu ponto de
vista, não pensar que somos detentores de algum privilégio por sermos
espírita, porque de fato, não somos.
Emmanuel, a esse respeito, orienta: “O essencial é meter mãos à obra, aperfeiçoando, cada qual, o seu
próprio coração primeiramente, afinando-o com a lição de humildade e de
amor do Evangelho, transformando em seguida os seus lares, as suas
cidades e os seus países, a fim de que tudo na Terra respire a mesma
felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados, conforme as nossas narrativas
do Infinito”.
Sim, desejamos participar deste processo libertador de
consciências, que se encontra na Terra para presidir a formação de uma nova
mentalidade geral, atendendo aos grandiosos desígnios superiores de
fraternidade e de paz.
Cultivar a fraternidade pura como o mais sublime dos sistemas de relações entre as almas, deve ser o norte dos nossos impulsos. Compromisso inadiável, individual e intransferível.
Referências
(1)
Os 70 anos
da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/explicado/2018/12/09/os-70-anos-da-declaracao-universal-dos-direitos-humanos.
Acesso em: 30 de outubro 2024.
(2)
SIPRI – As Transferências Internacionais de Armas em 2023. 11 de Março de 2024.
Disponível em: https://www.defesanet.com.br/geopolitica/sipri-as-transferencia-internacionais-de-armas-em-2023.
Acesso em: 29 de outubro 2024
(3)
Emmanuel. Emmanuel. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 28ª
ed. Brasília. Editora FEB, 1938. 208 p.
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