Desencarnar no dia certo ou no dia exato
A morte para as criaturas
terrestres terá um dia determinado e virá aos homens pelos desígnios de Deus?
Ouvimos frequentemente a frase:
“Morreremos quando chegar a hora, antes disso não. Tudo está determinado. Só
peru morre na véspera”.
Será? Repito o questionamento:
será?????
Reflitamos então, caro leitor.
Vivemos em um planeta, em que
pese os avanços da medicina, surgem e proliferam doenças das quais, muitas
delas, ainda não estão catalogadas e o tratamento adequado ainda não existe.
As guerras enxameiam entre os
países, que pela sanha ensandecida de homens brutalizados ou desequilibrados,
provocam a morte de milhares, dentre homens, mulheres e crianças, jovens e
idosos, sem distinção.
Desde a segunda guerra mundial,
segundo pesquisa do Instituto de Investigação da Paz de Oslo, (Noruega), no ano
de 2023, foi registrado o maior número de conflitos armados, totalizando 59 em
todo mundo (1). Em 2024, o mundo conta com mais de 30 guerras em andamento
ceifando milhares de pessoas.
As pressões e exigências do mundo
moderno, levam o homem a viver sob constante estresse, pressionando a máquina física, comprometendo
a sua saúde. Os vícios, o álcool, o fumo e o uso de drogas, assim como os
excessos alimentares, aliados à falta de cuidados adequados à saúde, vão
minando a resistência orgânica, de fora para dentro, abreviando a vida física,
no que podemos considerar, verdadeiros casos de suicídio indireto.
Lembremos também das mortes
provocadas no trânsito maluco de qualquer cidade do Brasil, que por certas
estatísticas, matam mais que certos conflitos armados.
E como não citar os tristes casos
de mortes por “balas perdidas”, que assumem contornos ainda mais dolorosos
quando envolvem crianças.
Por outro lado, de dentro para
fora, matamo-nos aos poucos pelo cultivo de pensamentos negativos, sentimentos
como ciúme, ódio, inveja, rancor e revolta, dentre outros. Reagimos quando
contrariados, com tamanha irritação e agressividade que não é raro
“implodirmos” nosso coração causando os ataques e infarto cardíaco, bem como
acidente vascular cerebral, que quando não provocam o desencarne, deixam o ser
em difíceis condições para a vida.
Sem contar as graves doenças de
etiologias não completamente estabelecidas, como o câncer, ELA (Esclerose
Lateral Amiotrófica), Pênfigo foliáceo, a doença de Alzheimer e outras
demências, e as doenças autoimunes que nutridas por remorsos, mágoas, depressão
e angústias, favorecem a sua manifestação e evolução.
Sem considerar o suicídio, que
engrossa fortemente estas estatísticas, elencamos rapidamente, várias situações
que podem, a qualquer momento, provocar a partida do ser humano, deste para o
outro mundo.
Deduz-se que são milhares e mais
milhares de almas que tem suas vidas abreviadas na Terra.
Aliás, a este respeito,
encontramos na obra Missionários da Luz (2), o conceito emitido pelo assistente
Manassés, em produtivo diálogo com André Luiz, quando em visita ao Instituto de
Planejamento Reencarnatório, se refere à condição dos espíritos “completistas”.
Vejamos o texto: “Trata-se de um título - explicou Manassés -
que designa os raros irmãos que aproveitaram todas as possibilidades
construtivas que o corpo terrestre lhes oferecia. Em geral, quase todos nós, em
regressando à esfera carnal, perdemos oportunidades muito importantes no
desperdício das forças fisiológicas. (...) por vezes, desprezamos cinquenta, sessenta, setenta por cento e, frequentemente,
até mais, de nossas possibilidades”. (grifo nosso)
Como nós neste artigo, André Luiz
reflete sobre o conceito e afirma: “Lembrei-me
dos desregramentos de toda a sorte a que se entregam as criaturas humanas, em
todos os países, doutrinas e situações, (...) alimentando enganos e fantasias, destruindo o corpo e envenenando a alma”.
(Grifo nosso).
Após estas reflexões, retornamos
à pergunta inicial: Será que todos morremos ou desencarnamos em um dia e hora
já determinado? Diferentemente da ave galiforme do gênero Meleagris, prato principal da Ceia de Natal de muitas famílias,
jamais perecemos de véspera e nossa transferência ao mundo espiritual,
determinada antes de nascermos, deverá ser cumprida?
Recorrendo à extensa literatura
espírita, riquíssima nas considerações sobre este assunto, encontramos no prefácio
do livro Assuntos da Vida e da Morte (3), assinado pelo espírito Emmanuel, orientações
que certamente, auxiliam a nortear nossas reflexões sobre esta importante
questão.
Elucida Emmanuel que: “quando a pessoa humana recebe com paciência
as dificuldades passageiras que precedem o fim do corpo de que se utilizou para
o estágio, no mundo físico, encontrando a morte em ocorrências ou moléstias com
as quais não contava, poder-se-á concluir com razão, que o desenlace se
verificou conforme as determinações das Leis Universais que, a rigor,
sintetizam a Lei Divina. Nesses casos, é razoável declarar que a desencarnação
se verificou, em nome de Deus, no dia certo”.
Nestas situações, segundo explica
Emmanuel, o espírito deixa o corpo no dia certo, estava determinado.
Em contrapartida, afirma: “Não
sucede o mesmo (grifo nosso) quando a morte se debita à conta dos
desequilíbrios ou à imprudência dos homens que trocam a própria vida por atos
conscientes e aventuras outras, abusando do seu próprio livre-arbítrio”.
Perceberam? “Não sucede o
mesmo”, ou seja, me parece que é possível sim desencarnarmos fora do tempo
que havia sido determinado. De maneira didática e com uma síntese
característica do espírito Emmanuel, ele conclui estabelecendo:
“Compreendamos, pois, que a desencarnação
tem o dia certo, segundo a Lei Divina, e o dia exato, conforme o
comportamento do homem. Entendamos, assim, que a morte na Terra age
em conexão com a Lei Divina ou com as diretrizes errôneas das criaturas
quando se tornam irresponsáveis.
Eis porque considerarmos que a
desencarnação se nos apresenta em aspecto bilateral: a cessação da vida no
corpo de matéria densa de acordo com os Propósitos Divinos ou conforme os
desajustes dos homens. Dia certo para a morte, em nome de Deus ou dia certo para
o desenlace, em nome das criaturas humanas. ” (grifos nossos)
É um importante assunto para
refletirmos. Tal conceito neste artigo estudado, nos demonstra o quanto ainda
na Terra, é fundamental saibamos usar e bem nossa liberdade de escolha.
É também lícito concluir que,
habitando o planeta Terra, mundo de provas e expiações, onde o mal - plasmado
pelo próprio homem - ainda predomina, caracterizando uma terra de foras da lei,
ao decidirmos não viver conforme a Lei Divina que a todos, sem distinção, nos
rege, não será de estranhar nossa partida, antes do previsto.
- “a desencarnação se nos
apresenta em aspecto bilateral”
...“a desencarnação tem dia
certo segundo a Lei Divina e o dia exato, conforme o comportamento
humano” (grifos nossos)
Espero que sigamos da melhor
maneira nossas vidas para encontrar o dia certo e não o dia exato.
Em assuntos da morte, é imperioso
afirmar que não podemos esquecer nossas responsabilidades, assim como o homem
em qualquer lugar responderá por si próprio, fazendo-nos recordar a assertiva
de Jesus: “A cada um será dado segundo as suas obras”.
Referências
(1) Número de conflitos armados em
2023 foi o mais elevado desde 1946. agênciaBrasil 10 junho 2024. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2024-06/numero-de-conflitos-armados-em-2023-foi-o-mais-elevado-desde-1946. Acesso em 05 setembro 2024.
(2) Luiz, André. Missionários da Luz. Psicografado
por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1982. 347p
(3) Diversos Espíritos. Assuntos da Vida e da Morte. Francisco
Cândido Xavier e Paulo de Tarso Ramacciotti. 10ª ed. Editora GEEM, 2020.
152p.
Eis um assunto que gera dúvidas em muitos adeptos. Mesmo para aqueles com um bom nível de conhecimentos. Porém, uma coisa é certa: todos somos responsáveis pelas escolhas que fazemos," inclusive as de cunho pessoal, onde o nosso corpo sofre todos os reflexos indisciplinados do nosso espírito".
ResponderExcluirObrigado pelo comentário Tony. Esse é o objetivo do blog, trazer conteúdo para nossas reflexões, elucidando.
ResponderExcluir