A infância à luz das orientações espíritas
Visando a
educação do espírito, este é o período mais importante para o homem encarnado
na Terra.
À semelhança da atuação que a matéria pode exercer
sobre o espírito, nos casos de alguma alteração de ordem orgânica, situamos o
espírito que reencarna e atravessa um período importantíssimo denominado
infância. Esse estado corresponde a uma necessidade e está na ordem da natureza
e de acordo com as vistas da Providência, segundo afirmam os Espíritos
superiores na questão 382 de o Livro dos Espíritos. Vejamos:
Durante a infância sofre o Espírito encarnado, em consequência do constrangimento que a imperfeição dos órgãos lhe impõe?
R. “Não. Esse estado corresponde a uma
necessidade, está na ordem da natureza e de acordo com as vistas da Providência.
É um período de repouso do Espírito. ”
Na infância, destacamos duas funções principais, que iremos analisar. A primeira é conceder ao Espírito reencarnante o aspecto de inocência, pureza, dependência total e fraqueza. Em que pese possam estas almas ser Espíritos altamente evoluídos ou imperfeitos, posto que o manto da inconsciência temporariamente os envolve, servem estas características para requerer dos pais e cuidadores todo afeto e cuidados necessários, envolvidos que são, ou pelo menos deveriam ser, de uma energia estimulante e favorecedora para seu desenvolvimento, chamada amor.
A segunda função da infância para o Espírito
imortal é torna-lo brando, acessível às orientações para fazê-lo progredir.
Afinal é um recomeço em que mergulhando na carne para aperfeiçoar, o Espírito é
suscetível de reformar seu caráter, reprimir maus pendores e ensaiar propostas
renovadoras. A questão 383 de O Livro dos Espíritos embasa esta
afirmação.
É toda uma preparação para uma nova existência que
se inicia e que, se repetirá tantas vezes quantas forem as necessidades
evolutivas do Espírito, segundo pode-se apreender da resposta que os Espíritos
superiores apresentaram a Allan Kardec na questão 183 de O livro dos Espíritos:
“Indo de um mundo para o outro, o Espírito passa por nova infância”?
R. “Em toda
parte a infância é uma transição necessária, mas não é, em toda parte, tão
obtusa como no vosso mundo”.
O período da infância na Terra é longo e apropriado ao grau de imperfeição dos seus habitantes. Razoável raciocinar que em mundos primitivos em que o rigor da matéria predomina, a infância será mais penosa e prolongada. Por outro lado, em mundos de avançada evolução ela será curta, dispensando a alma de imergir por períodos prolongados neste estágio tão útil para adequar suas capacidades aos instrumentos orgânicos que o servirão, no corpo físico, durante a existência material.
A maior autonomia que os Espíritos evoluídos
exercem sobre seus atributos, apresentando mais cedo na existência, consciência
de si, e consequentemente uma compleição física diferenciada composta de órgãos
de composição mais sutil, forma uma conjunção de fatores, dentre outros, que
conduzem a esta situação.
Pode-se deduzir, portanto, que na dependência do grau evolutivo do mundo em que o Espírito reencarnará, diferentes nuances poderão caracterizar o período da infância. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III – Há muitas moradas na casa de meu pai – os Espíritos Superiores afirmam que a pouca resistência que a matéria oferece a Espíritos muito adiantados torna rápido o desenvolvimento dos corpos e curta ou quase nula a infância.
Transcrevo a seguir, trecho de uma nota de rodapé
inserida na questão 188 da obra básica já referida, que nos permite conduzir a
interessantes reflexões. Evocou-se um Espírito que havia desencarnado na Terra
há alguns anos e encontrava-se há seis meses encarnado em outro mundo. Interrogado
sobre a idade que tinha nesse mundo, disse:
“Não posso
avaliá-la, porque não contamos o tempo como contais. Depois, os modos de
existência não são idênticos. Nós, lá, nos desenvolvemos muito mais
rapidamente. Entretanto, se bem não haja mais de seis dos vossos meses que
lá estou, posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos da idade
que tive na Terra.”
Entendemos, desta forma, que, em seis meses vividos
neste outro mundo, o espírito possuía condições de se manifestar
intelectualmente como uma pessoa de 30 anos de idade aqui na Terra. São
informações instigantes e que merecem nossas reflexões e estudos mais
aprofundados, antes de emitirmos opiniões precipitadas e descabidas. Afinal,
Deus não nos consulta para estabelecer as Leis que desde o princípio dos evos, regem, equilibram e harmonizam a Criação.
Assim, a infância devidamente entendida e
relativizada à característica evolutiva do orbe, é útil e indispensável, e
sobretudo, deve ser entendida como consequência natural das leis que Deus
estabeleceu para o Universo.
Referências:
(1)
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª
ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 494p.
(2)
Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de
Guillon Ribeiro. 131ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 410p.
Gratidão pela aula
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