segunda-feira, 26 de agosto de 2024

             Em que consiste a felicidade na Terra

 

Sob este tema do nosso artigo semanal, Allan Kardec, na questão 922 de O Livro dos Espíritos, interroga os elevados irmãos da espiritualidade, os quais nos responderam:

 R. O conceito de felicidade, atual e futura, pode ser resumido na seguinte orientação espírita: Para a vida material, é a posse do necessário; para a vida moral, a consciência tranqüila e a fé no futuro.

Interessante passagem com Chico Xavier, no livro O Evangelho de Chico Xavier, de nosso irmão Carlos Baccelli, ilustra também, o assunto de nossos comentários:

“Um dos apóstolos pergunta a Jesus se não poderia ensiná-lo a orar. Ele oferece à Humanidade a oração dominical, da qual retiramos o tópico:

— Senhor o pão nosso de cada dia, dá-nos hoje…

A Terra está repleta de tesouros para os nossos olhos, para o nosso coração, para a nossa vida…  

Enquanto nós nos contentamos com o pão, vai tudo bem, mas da manteiga em diante começam as nossas lutas…”

 

Aqueles que procuram a felicidade:

na posse de bens materiais,

no conforto demasiado,

nas alegrias terrenas,

na busca de elogios vazios,

no ganho fácil do dinheiro,

somente na inteligência, 

na posse da autoridade humana,

nos títulos acadêmicos,

no brilho ilusório do destaque social,

na mesa lauta,

nos sonhos que acalenta,

nos desejos realizados,

em comer, dormir e procriar,

em acumular valores exclusivamente para si (egoísmo),

nas mãos fechadas e ressequidas,

em desejar ser amado sem retribuição;

 ao invés da felicidade almejada, todos estes, encontrarão somente enfermidades e desalento, decepção e solitude.


Os que encontraram a felicidade:

na aquisição de valores espirituais,

no ideal a ser alcançado,

na integração com o Cristo de Deus,

no que dás e no modo como dás,

nos rostos felizes que provoca,

na paz da consciência sem mancha,

em praticar a Lei de Deus,

em discernir a respeito do que, efetivamente, é necessário e o que é supérfluo à existência,

em proceder para com os outros, como deseja que os outros procedam para consigo,

em dividir o que se tem e o que se é,

na consciência tranquila,

em espalhar valores recebidos (altruísmo),

em treinar mãos incansáveis e generosas,

a amar sempre sem esperar ser amado,

em poder ler, estudar, refletir e repartir,

em se contentar com o pão necessário,

a servir sem queixa,

na singeleza da fé em Deus,

em projetar no outro, a felicidade que deseja para si,

no perdão,

e em trabalhar, de preferência, a serviço do próximo,

 estes procuraram a felicidade de Jesus, que embora não se encontre ainda, completamente neste mundo, reconhecem que, somente através do desempenho das obrigações na prática do bem, edificaremos o mundo feliz.

Talvez você, prezado leitor, possa acrescentar às duas listas, outras referências que auxilie a guiar-nos os passos para as ações mais apropriadas à busca da felicidade, que sabemos, somente será eterna e completa, com a depuração do espírito. 

Até lá, nossa almejada felicidade será uma mescla de momentos de alegria e tristeza, de júbilo e amargura, como também de bem-estar e sofrimento.

Referências

(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed.  Brasília. Editora FEB, 1944. 494p

(2) Baccelli, Carlos A. O Evangelho de Chico Xavier. 1ª ed. Editora Casa Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”, 2000. 171p.


segunda-feira, 19 de agosto de 2024

 A infância à luz das orientações espíritas

 

Visando a educação do espírito, este é o período mais importante para o homem encarnado na Terra.

À semelhança da atuação que a matéria pode exercer sobre o espírito, nos casos de alguma alteração de ordem orgânica, situamos o espírito que reencarna e atravessa um período importantíssimo denominado infância. Esse estado corresponde a uma necessidade e está na ordem da natureza e de acordo com as vistas da Providência, segundo afirmam os Espíritos superiores na questão 382 de o Livro dos Espíritos. Vejamos:

Durante a infância sofre o Espírito encarnado, em consequência do constrangimento que a imperfeição dos órgãos lhe impõe?

R. “Não. Esse estado corresponde a uma necessidade, está na ordem da natureza e de acordo com as vistas da Providência. É um período de repouso do Espírito. ”

Na infância, destacamos duas funções principais, que iremos analisar. A primeira é conceder ao Espírito reencarnante o aspecto de inocência, pureza, dependência total e fraqueza. Em que pese possam estas almas ser Espíritos altamente evoluídos ou imperfeitos, posto que o manto da inconsciência temporariamente os envolve, servem estas características para requerer dos pais e cuidadores todo afeto e cuidados necessários, envolvidos que são, ou pelo menos deveriam ser, de uma energia estimulante e favorecedora para seu desenvolvimento, chamada amor.

A segunda função da infância para o Espírito imortal é torna-lo brando, acessível às orientações para fazê-lo progredir. Afinal é um recomeço em que mergulhando na carne para aperfeiçoar, o Espírito é suscetível de reformar seu caráter, reprimir maus pendores e ensaiar propostas renovadoras. A questão 383 de O Livro dos Espíritos embasa esta afirmação.

É toda uma preparação para uma nova existência que se inicia e que, se repetirá tantas vezes quantas forem as necessidades evolutivas do Espírito, segundo pode-se apreender da resposta que os Espíritos superiores apresentaram a Allan Kardec na questão 183 de O livro dos Espíritos:

Indo de um mundo para o outro, o Espírito passa por nova infância”?

R. “Em toda parte a infância é uma transição necessária, mas não é, em toda parte, tão obtusa como no vosso mundo”.

O período da infância na Terra é longo e apropriado ao grau de imperfeição dos seus habitantes. Razoável raciocinar que em mundos primitivos em que o rigor da matéria predomina, a infância será mais penosa e prolongada. Por outro lado, em mundos de avançada evolução ela será curta, dispensando a alma de imergir por períodos prolongados neste estágio tão útil para adequar suas capacidades aos instrumentos orgânicos que o servirão, no corpo físico, durante a existência material.

A maior autonomia que os Espíritos evoluídos exercem sobre seus atributos, apresentando mais cedo na existência, consciência de si, e consequentemente uma compleição física diferenciada composta de órgãos de composição mais sutil, forma uma conjunção de fatores, dentre outros, que conduzem a esta situação. 

Pode-se deduzir, portanto, que na dependência do grau evolutivo do mundo em que o Espírito reencarnará, diferentes nuances poderão caracterizar o período da infância. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III – Há muitas moradas na casa de meu pai – os Espíritos Superiores afirmam que a pouca resistência que a matéria oferece a Espíritos muito adiantados torna rápido o desenvolvimento dos corpos e curta ou quase nula a infância.

Transcrevo a seguir, trecho de uma nota de rodapé inserida na questão 188 da obra básica já referida, que nos permite conduzir a interessantes reflexões. Evocou-se um Espírito que havia desencarnado na Terra há alguns anos e encontrava-se há seis meses encarnado em outro mundo. Interrogado sobre a idade que tinha nesse mundo, disse:

 

“Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo como contais. Depois, os modos de existência não são idênticos. Nós, lá, nos desenvolvemos muito mais rapidamente. Entretanto, se bem não haja mais de seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos da idade que tive na Terra.”

 

Entendemos, desta forma, que, em seis meses vividos neste outro mundo, o espírito possuía condições de se manifestar intelectualmente como uma pessoa de 30 anos de idade aqui na Terra. São informações instigantes e que merecem nossas reflexões e estudos mais aprofundados, antes de emitirmos opiniões precipitadas e descabidas. Afinal, Deus não nos consulta para estabelecer as Leis que desde o princípio dos evos, regem, equilibram e harmonizam a Criação.

Assim, a infância devidamente entendida e relativizada à característica evolutiva do orbe, é útil e indispensável, e sobretudo, deve ser entendida como consequência natural das leis que Deus estabeleceu para o Universo.

Referências:

(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed.  Brasília. Editora FEB, 1944. 494p.

(2) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 410p.


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

 

Aprendizado no diálogo

 

Neste artigo com a transcrição do diálogo entre o dialogador e o espírito desencarnado, ocorrida durante reunião mediúnica no Grupo Espírita da Fraternidade, colhemos excelentes oportunidades de lições para todos, encarnados e desencarnados.

 

- Quando é que eu vou me livrar disso… uma vida não basta de sofrimento? Eu arrastei essa doença a vida toda – queixou-se no início da comunicação, o infeliz irmão desencarnado, que tossia sem parar.

- Você teve tuberculose quando encarnado? Perguntei tendo a impressão de que o espírito já conhecia sua condição de desencarnado.

- Sim isso mesmo. Gastei a vida com essa maldita, e ainda, você não vai acreditar, você não vai acreditar - repetiu por duas vezes, como querendo dar ênfase ao que iria dizer.

- Pode dizer. Vamos ver se eu acredito ou não – disse em tom de desafio, para descontrair. E o irmão revelou: 

- Eu já sou uma alma penada, já estou morto. 

- E mesmo assim... - ia dizer e fui interrompido:

- Eu continuo com essa tosse maldita e não tenho paz. Um só minuto de paz e não consigo dormir. 

- Estou entendendo e acredito em você. Você não consegue dormir?

- Não. Basta deitar que começo tossir - e tossia novamente.

- E a falta de ar, você acredita? Falta de ar… até parece que eu preciso de ar.

Aproveitei e revelei o que ele nem imaginava que pudesse lhe acontecer:

- Olha se você bobear e não se cuidar pode falecer deste outro lado novamente, porque aí também se morre – arrematei. 

- Era o que me faltava – respondeu revelando ignorar a situação.

- Esta vendo? Agora você que não me acredita.

- Não mesmo.

- Pois eu lhe afirmo. Se morre aí também.

- Isso não acredito. 

- Mas é para acreditar. Morre-se aí, para renascer aqui.

- Apesar do que, dizer o que eu acredito ou não acredito está difícil, depois de tanta coisa que eu estou vendo por aqui – disse ele, descrente das coisas que tinha como certas. 

Depois de um pequeno silêncio, perguntei:

- Como você ficou sabendo que já havia passado para o outro lado?

- Ué…e eu não vi? – respondeu com naturalidade. Eu fiquei lá e vi tudo.

- Quer dizer que acompanhou o seu próprio velório? 

- Sim, e lhe digo que é a coisa mais triste na vida do homem, uma tristeza. Para mim, aquilo foi pior que a morte.

 - Não diga? Mas você já superou isso. 

- Já. E os comentários durante o velório! 

- Você ouvia tudo?

- Eu estava ali de corpo presente. Posso dizer isso, de corpo presente?

- Pode, porém no caso, trata-se do corpo espiritual. Mas isso é outra história.

- Que seja. As pessoas no velório nem imaginam. Você sabe que alguns me percebiam. Eu não sei como. Não me viam, mas me percebiam.

Aproveitei para lhe orientar, informando:

- Saiba você que, na maioria das vezes, os que morrem ficam por ali acompanhando o próprio velório. São poucos os que deixam a carcaça e se apresentam em condição de serem recolhidos e auxiliados após a morte.  

- É mesmo? Sabia disso não – respondeu com tom de surpresa.

- A maioria vê e se perturba porque não se reconhece morto e se sente ainda vivo.  Pensam consigo mesmo, como se pode morrer e continuar vivo?

- Eu sofri essa perturbação que você se referiu - confirmou o irmão desencarnado, o qual eu dialogava. 

- Você tinha alguma iniciação sobre esse conhecimento?

- Eu acreditava na vida após a morte, mas não que fosse assim com essa realidade. Para mim, se ia para um lugar bom ou não, de acordo com a vida da pessoa.

- Qual era sua atividade na Terra ainda quando “vivo”? – arrisquei perguntar.

- Eu não podia fazer muita coisa não senhor, por causa dessa doença. Ela me pegou ainda muito jovem. 

- Você era fumante?

- Nem cheguei a fumar, repito, a doença me pegou muito jovem.

- Você procurou saber porque desenvolveu essa doença tão grave, em idade tão precoce?

- Não. Porque não tem muito tempo que eu estou assim, frequentando outros lugares.  Depois que me vi deste lado, eu descambei sabe? Porque aqui desse outro lado, também se descamba, eu me perturbei, andei por aí sem rumo. Daí, por muito tempo, que eu nem sei precisar quanto, eu comecei a perseguir algumas pessoas, sabe?

- Pessoas do seu relacionamento, do seu convívio? 

- Sim e perdi muito tempo. Logo depois procurei, desse outro lado, uma igreja. Frequentei a igreja e foi bom para mim. Arrependi-me das coisas que estava fazendo.

- Parou de perseguir os outros?

- Parei, agora até faço oração por eles.

- Poxa! Que mudança positiva, meus parabéns - respondi para motivá-lo.

- Mas eu continuo com essa doença - e tossia, interrompendo a fala. 

Aproveitei e indaguei sobre como ele havia chegado em nossa reunião.

- Você sabe onde se encontra?

- Contaram-me que aqui é um pronto-socorro. Passei por uma triagem e devido minha condição com essa doença, encaminharam-me para um tratamento. Daí, vim parar aqui.

- Chegou a ser internado em algum hospital ou veio direto para cá? 

- Não, vim direto para cá.

- Então eu vou te informar. Vamos iniciar uma terapia bioenergética com um passe, orientação e uma prece. E depois que concluirmos o diálogo, você será encaminhado para um hospital para dar continuidade ao tratamento.

- Tem uma coisa que eu fiquei, como posso lhe explicar, muito surpreso. Sabe o senhor, que eles me disseram que essa doença tem um lado muito ruim, mas também um lado bom. Que eu vou, com o tempo, saber do que essa doença me livrou. Olha só. Você está entendendo? Pois eu não entendo.

Sim, entendo perfeitamente. Bem rapidamente eu te diria, que a doença livrou você de piorar muito mais sua situação.

- Pode ser que sim, porque eu tive uma vida muito limitada. Eu não podia abusar de nada, de bebida, de vícios. As pessoas tinham medo, não se aproximavam de mim, e, portanto, eu vivia isolado.

- Você se recorda quantos anos você viveu na Terra?

- Próximo de uns 40 e poucos anos. E há muito tempo que estou do lado de cá. O tempo parece que passa de maneira diferente, onde estou. Fiquei também um tempo adormecido. Quando eu parei de perseguir aquelas pessoas eu passei uma fase de adormecimento. Eu acho que foi isso. Eu não sei muito bem. Só sei que hoje estou aqui. 

Após um breve silêncio, propus:

- Vamos iniciar nosso tratamento?

- Você é médico?

- Não, mas sou profissional da saúde também.

- E o senhor está na Terra?

- Sim, estou encarnado na Terra, não sei por quanto tempo. O tratamento que você irá iniciar, não precisa ser médico para conduzi-lo, basta ter boa vontade e amor no coração para doar, em conjunto à energia dos espíritos. Após, você será conduzido a um hospital onde os médicos darão continuidade ao seu tratamento.

Me parecendo um pouco desanimado, o irmão desencarnado fez uma afirmação importante:

- Se todos soubessem que as doenças podem persistir após a morte. A pessoa pensa que morre e se livra de tudo. E lá no meu velório eles diziam: agora descansou; agora ele está curado; parou de sofrer; depois de sofrer a vida toda, agora parou de sofrer, descansou, eles falavam assim e eu ouvia tudo.

- Note você, como o conhecimento da vida espiritual pode ser importante para o equilíbrio dos que desencarnam. O local em que você está iniciando o tratamento, é um centro espírita, que é um pronto-socorro das almas.

- Mas como, se eu sou convertido na igreja?

- Não há problema irmão. O tratamento que irá receber, independe de qual seja sua crença, pois respeitamos todas elas, aliás, como deve ser em todos os lugares. Você está recebendo terapia energética, assim como Jesus curava a maioria das pessoas que o procuravam.

Claro que não temos a força do Cristo, mas reunidos aqui em nome dele e, obedecendo aos desígnios superiores, ofereceremos o melhor que temos. 

Vamos mentalizar o seu pulmão, o órgão mais afetado pela doença para que as energias possam penetrar removendo as impurezas deste órgão, reduzindo as suas expectorações, as suas tosses e sua falta de ar.

Imaginemos que Jesus estivesse estendendo a você um copo d'água. O mestre Jesus estendendo para você um copo d'água orientando que você o ingira.

Beba dessa água cristalina meu filho, mas procure a água pura, que é o amor, que é a caridade, que é o perdão. Assim como você perdoou os seus adversários e agora está orando por eles. Essa é a verdadeira água que sacia a sede do espírito.

 

A prece do Pai Nosso foi realizada. Após, acrescentei:

- Renove-se meu irmão, sempre é tempo de se renovar. Que essa prece possa lhe restituir as energias, induzindo a restauração das suas células perispirituais. Que elas se  regenerem, em nome de Jesus e em nome de Deus.

Após um silêncio breve, perguntei:

- Sente-se bem meu irmão?

- Eu estou assim, renovado. Sinto-me renovado espiritualmente - disse calmamente.

- É um recomeço, e um bom recomeço meu irmão.

- Eu senti que essa água foi lavando todas as secreções que me dificultavam respirar. O ar quase não passava, e agora sinto mais facilidade em respirar.

- Tua fé favoreceu sua melhora – emendei.

- Como é bom conhecer Jesus, aprender Dele todo dia, procurar o amor Dele. Sinto uma força, uma convicção dizendo que Ele irá me ajudar. 

Sentindo que a comunicação mediúnica se encaminhava para o fim, procurei acrescentar, para fortalecer ainda mais a fé nascente no irmão que, como tantos outros que aportam ao mundo espiritual, ignoram o que lhes aguarda:

- Agora você está experimentando o grande bem que a doença provocou em você. Ela te conduziu a esse sentimento de religiosidade, que antes, ainda não havia experimentado.

- É isso… é verdade.  Eu era uma pessoa revoltada, porque eu notava as pessoas aproveitando a vida enquanto eu sofria. Por muito tempo, fiquei muito revoltado.

Porém, sinto que estou me renovando.

Agora eu até choro, coisa que eu nunca fiz na minha vida, mesmo doente. Hoje eu choro e não me envergonho mais. E como estou respirando, o ar está passando, que incrível! – falou feliz e me perguntou: - Você não acha estranho eu falar isso? 

- Não, por quê? Respondi, entendendo a intenção dele, mas neguei para que ele esclarecesse:

- Porque eu deveria pensar que se estou morto, qual a necessidade de respirar? Mas é necessário, você acredita? E eu sinto o ar entrar, porque eu tenho pulmões.

Respondi elucidando: - Eu acredito sim. Aqui no centro espírita nós estudamos isso. 

- Ah é? 

- Procure estudar sobre esses assuntos que te constituíram em novidade, desde que se percebeu desencarnado. Estude para melhor compreender.

- Eles já me falaram isso. A primeira coisa que eu preciso é compreender e conhecer Jesus, porque sem conhecer Jesus, sem saber sobre Ele, eu não vou compreender nada na vida nem na morte, entende?

- Entendo. Graças a Deus.

- Estou muito feliz e agradecido, e até uma próxima oportunidade.

Encerrada a comunicação, percebi, refletindo, que atravessar a fronteira entre as dimensões, pelo fenômeno da desencarnação, será para cada um de nós, uma experiência diferente, mas com certeza, feliz ou não, de acordo com nossos pensamentos e atos.

 

 

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

 

É possível adoecer dormindo?

O Espiritismo demonstrou a existência do perispírito, conhecido desde a antiguidade e designado pelo apóstolo Paulo sob o nome de corpo espiritual, isto é, corpo fluídico da alma, que sobrevive à morte do corpo físico. 

O perispírito durante a vida do corpo, serve de laço entre o Espírito e a matéria e representa importantíssimo papel no organismo, dentre outros, em uma série de enfermidades, ligadas ao corpo físico e à mente.

Portanto, estudar de forma aprofundada as propriedades e funções do perispírito, torna-se essencial para entender diversas situações e fenômenos da patologia e doenças em geral, que cercam a existência do espírito na Terra.

A esse propósito, no livro Infinitas Moradas de autoria do espírito Inácio Ferreira pelo médium Carlos Baccelli, há uma interessantíssima passagem que somente o conhecimento do perispírito pode embasar. 

Trata-se do relato de um espírito desencarnado que, na esfera espiritual, teve seus olhos arrancados. Em razão desta ocorrência, desdobrou-se o diálogo entre os amigos Dr. Odilon, Sebastião Carmelita, Manoel Roberto e Dr. Inácio, que passamos a transcrever, para nossas reflexões:

— “De acordo, Inácio, com as informações que me chegaram, o ex-Arcebispo foi visto caminhando na direção do Vale das Religiosas e, por esse motivo, creio que ele tenha caído em poder delas. Necessitamos nos apressar, antes que elas o torturem e lhe arranquem os olhos...

— Arrancar os olhos?!... - questionou Manoel Roberto ao meu lado.

— Sim, elas poderão induzi-lo à cegueira e, neste caso, nada poderemos fazer.

— Ele ficará cego?...

— Com os órgãos visuais irreversivelmente lesados, comprometendo o seu futuro estágio no corpo de carne...

Vejamos que o psicossoma, outra denominação de perispírito, possui órgãos em sua constituição. É também corpo de composição material, porém mais sutil que a do corpo físico. Aliás, normalmente esquecemos que o corpo físico, que nós encarnados envergamos, é uma cópia do corpo espiritual ou perispírito, pois a vida vem do mundo espiritual para a Terra, e não o contrário. Desta forma, encaremos com naturalidade e de forma lógica que a vida, ao prosseguir sem saltos para a outra dimensão, necessita de uma organização praticamente semelhante em termos de estruturação corpórea, para a manifestação da essência, que é o espírito. Somente espíritos altamente evoluídos devido ao próprio esforço de elevação e consequente mérito vão, aos poucos, sutilizando seus envoltórios de natureza material, o que os predispõe a residir nas moradas sublimes.    

E o diálogo continua:

— "Isso é possível? - tornou Manoel a perguntar.

— É claro que sim - respondeu Odilon -; por mais absurdo nos possa parecer, é claro que sim!... O corpo espiritual é suscetível de ser lesionado tanto quanto o corpo somático. Deste Outro Lado da Vida, a Medicina não se restringe a cuidar de mentes enfermas; não nos esqueçamos de que o perispírito não é totalmente destituído de órgãos internos... Se a violência praticada contra o corpo físico pode repercutir no corpo espiritual, a agressão sofrida por este pode refletir-se no primeiro.

Muitos irmãos encarnados, durante o sono, quando naturalmente se desprendem do seu veículo grosseiro de manifestação, podem, nas Dimensões Espirituais, sofrer determinadas lesões perispirituais que lhes comprometem seriamente a saúde, inclusive podendo levá-los à desencarnação em consequência”.

— Quer dizer - atalhou Manoel - que morrer dormindo...

— ...nem sempre é uma boa morte, meu amigo! Muitos dos que, por exemplo, sofrem uma parada cardíaca durante o sono, não foram simplesmente vítimas de um problema arterial . . . Em determinadas circunstâncias, de acordo com a Vontade Divina, que se nos manifesta através da Lei do Carma, se o homem vaguear a descoberto nos caminhos de além-túmulo e se deparar com adversários que lhe são ferrenhos...(grifo nosso)

— Poderão matá-lo?...

— Indiretamente, sim; poderão submetê-lo a espancamento e desencadear um problema de natureza irreversível..."

É isso mesmo que acabamos de ler, na ponderada colocação do Dr. Odilon, queridos leitores. Dois aspectos se destacam. 

Em primeiro lugar a medicina espiritual, muito mais avançada que a da Terra, atuando sobre a mente e o físico, atendendo ao todo que compõem o ser imortal.

Em segundo lugar, durante o sono, se não nos cuidarmos nos momentos de desprendimento perispiritual, podemos sofrer lesões, provocadas por adversários espirituais, as quais impactarão, de diversas maneiras, o corpo físico que repousa. Não podemos andar a descoberto, ou seja, precisamos, com as nossas ações e pensamentos aqui na Terra voltados para o bem ao próximo, criarmos créditos a nosso favor, quando em momentos como estes.

Mas as revelações deste diálogo, inédito para muitos, continuam:

— "Raciocinando sob o mesmo prisma - insistiu o companheiro -, poderão contaminá-lo?

— Poderão... As emoções exacerbadas fazem cair a resistência do organismo, facilitando a proliferação dos agentes patogênicos.

— Apenas a proliferação?...

— A proliferação e o contágio.

— Então, não convém que nos ausentemos do corpo, enquanto dormimos.

Odilon sorriu e esclareceu:

— A longas distâncias dele, não! Estando por perto, na iminência de qualquer perigo, o retomamos com facilidade e nos protegemos. O sistema imunológico do corpo, neste aspecto, nos é mais eficiente que o do perispírito. Se assim não fosse, os nossos inimigos invisíveis nos fariam desencarnar com extrema facilidade...”

Vamos aprofundar a análise e encontrar na obra de André Luiz, Missionários da Luz, a informação da existência de “bacilos psíquicos”, cultivados pela predominância de emoções e prazeres inferiores e também pelo contato com entidades grosseiras, atraídas pelas preferências da vítima. São bacilos que a medicina do mundo não conhece, entretanto são os responsáveis muitas vezes, por deflagrarem doenças no perispírito que, posteriormente, são drenadas para o corpo físico. O instrutor Alexandre, na obra referida, afirma que o “o erro de nosso amigo é o de todos os religiosos que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, quando todas as manifestações psicofísicas se derivam da influenciação espiritual”.

Surpreendente não é mesmo? As informações, apresentadas por Allan Kardec, nas obras básicas, e por André Luiz, nos livros psicografados por Chico Xavier, a respeito das propriedades do perispírito embasam estas ocorrências descritas pelo Dr. Odilon e que para a maioria, inclusive dos espíritas, são fatos inventados pela cabeça do espírito que ditou a obra, ou do médium que a recebe e registra no livro.

Do conhecimento profundo do perispírito, encontrado nas principais obras da Doutrina Espírita, abrir-se-ão novas perspectivas para várias áreas da ciência, com ênfase para a medicina terrestre.

Assim, respondemos afirmativamente à pergunta que nomeia este artigo.

Referencias:

(1)   Ferreira, Inácio. Infinitas Moradas. Psicografado por Carlos A. Baccelli. 1ª ed. Uberaba. Editora LEEPP, 2003. 298p.

(2)   Luiz, André. Missionários da Luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1982. 347p.


                                              O Equívoco de Jeremias No ano de 1961, quando o Livro dos Médiuns completava o seu primeir...