Espírito com corpo degenerado
– Ovoidização – III Final
“A perturbação vem de inesperado, instala-se à pressa; entretanto, retira-se muito devagar. Aguardemos a obra paciente dos dias” Gúbio - Libertação
Neste último artigo sobre o tema da ovoidização, nossas reflexões serão baseadas em caso descrito na obra Libertação, em sua primeira edição datada de 1949, da série conhecida como “Vida no mundo Espiritual” trazida à lume pelo espírito André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier.
Na obra
referida o autor espiritual acompanhado por Elói e o instrutor Gúbio, descreve
situações vivenciadas em dimensão denominada Abismo, em um local considerado
como uma cidade estranha, a cidade dos gregorianos, com o propósito de resgatar
um irmão chamado Gregório, comprometido nos últimos sete séculos com as hostes
do mal.
Assim
descreve, André Luiz, sobre sua primeira visualização de um ovóide: “Ante
o intervalo espontâneo, reparei, não longe de nós, como que ligadas às
personalidades sob nosso exame, certas formas indecisas, obscuras.
Semelhavam-se a pequenas esferas ovóides, cada uma das quais pouco
maior que um crânio humano (grifo meu). Variavam profusamente nas
particularidades. Algumas denunciavam movimento próprio, ao jeito de grandes
amebas, respirando naquele clima espiritual; outras, contudo, pareciam em
repouso, aparentemente inertes, ligadas ao halo vital das personalidades em
movimento. Fixei, demoradamente, o quadro, com a perquirição do laboratorista
diante de formas desconhecidas. Grande número de entidades, em desfile nas
vizinhanças da grade, transportavam essas esferas vivas, como que imantadas às
irradiações que lhes eram próprias. Nunca havia observado, antes, tal
fenômeno”.
O
instrutor Gúbio, nesta oportunidade, refere-se por primeira vez sobre assunto
muito pouco conhecido e ainda menos estudado pelos espíritas, que é a segunda
morte:
“André
– respondeu ele, circunspecto, evidenciando a gravidade do assunto –,
compreendo-te o espanto. Vê-se, de pronto, que és novo em serviços de auxílio.
Já ouviste falar, de certo, numa “segunda morte”.
André
Luiz responde que já conhecia o referido fenômeno originado por outras duas
razões. Porém ignorava esta nova possibilidade, a que o instrutor Gúbio
acrescenta para o saber de André Luiz e o nosso: “...tanto quanto ocorre aos companheiros respeitáveis desses dois
tipos, os ignorantes e os maus, os transviados e os criminosos também perdem,
um dia, a forma perispiritual. Pela densidade da mente, saturada de impulsos
inferiores, não conseguem elevar-se e gravitam em derredor das paixões
absorventes que por muitos anos elegeram em centro de interesses fundamentais.
Grande número, nessas circunstâncias, mormente os participantes de condenáveis
delitos, imantam-se aos que se lhes associaram nos crimes”.
Maior
clareza no esclarecimento impossível. A ovoidização é a perda da forma
perispiritual. Segundo vimos nos artigos anteriores, é o retorno ao corpo
mental, segundo explica André Luiz e nós concordamos.
O corpo
perispiritual é transformável, perecível, se desgasta e.....também sofre o
fenômeno da morte. Daí ser denominado nas obras de André Luiz, como a segunda
morte. A esse respeito, recomendo fortemente a leitura do livro A 2a
morte de Odilon, excelente obra ditada pelo Dr. Inácio Ferreira,
psicografada pelo médium Carlos Baccelli, em que é descrita a passagem do Dr.
Odilon para plano superior, perdendo em razão disso, a forma perispiritual. Estudemos
estas obras, esclarecendo-nos sobre importante assunto que é afeto a todos os
seres encarnados ou não, espíritas ou não.
Continuando
o relato do livro Libertação, André faz oportuno questionamento
sobre as formas ovóides: “E se
consultarmos esses esferóides vivos? ouvir-nos-ão? Possuem capacidade de
sintonia”?
Ao que
Gúbio esclarece, solicito: “Perfeitamente,
compreendendo-se, porém, que a maioria das criaturas, em semelhante posição nos
sítios inferiores quanto este, dormitam em estranhos pesadelos. Registram-nos
os apelos, mas respondem-nos, de modo vago, dentro da nova forma em que se
segregam, incapazes que são, provisoriamente, de se exteriorizarem de
maneira completa, sem os veículos mais densos que perderam (grifo meu), com
agravo de responsabilidade, na inércia ou na prática do mal. Em verdade, agora
se categorizam em conta de fetos ou amebas mentais, mobilizáveis, contudo, por
entidades perversas ou rebeladas”.
É bom
lembrar, que o ovóide é também uma forma física que reveste o espírito, embora
em tipo de matéria bem diferente daquela que conhecemos, daí a coerência e
oportunidade da questão.
Da
resposta de Gúbio, quantas elucidações em tão poucos linhas. Dentre as várias
reflexões que nos é lícito fazer, a que destacamos no grifo, nos remete a
pensar que para o atual estágio evolutivo da maioria dos espíritos encarnados e
desencarnados da Terra ou fora dela, é imprescindível corpos físicos e seus
respectivos órgãos de manifestação ainda grosseiros, pois nossa mente não
saberia organizar pensamentos de forma equilibrada e disciplinada fora desta
condição.
Em sua
trajetória evolutiva, penso que o espírito necessita aprender, reaprender e
fixar os valores referentes às conquistas também no campo da comunicação. Isso
porque, se tal qual os espíritos evoluídos, iremos nos relacionar com outros
espíritos de maneira natural pensamento a pensamento, sem necessidade alguma da
intermediação de órgãos físicos, haveremos de, por longos séculos e várias
encarnações, envidar esforços com grandes sacrifícios para a conquista desta
faculdade.
No
capítulo sete denominado Quadro doloroso, no livro Libertação,
destacamos um caso apresentado por André Luiz, para ilustrar nossas reflexões e
estudos sobre os ovóides. Por razões óbvias, transcrevo o caso de forma bem resumida,
recomendando aos leitores à consulta na obra original.
André
Luiz informa: “Descemos alguns metros e
encontramos esquálida mulher estendida no solo. Percebi que a infeliz se
cercava de três formas ovóides, diferençadas entre si nas disposições e nas
cores, que me seriam, porém, imperceptíveis aos olhos, caso não desenvolvesse,
ali, todo o meu potencial de atenção.
–
Reparo, sim – expliquei, curioso –, a existência de três figuras vivas, que se
lhe justapõem ao perispírito, apesar de se expressarem por intermédio de
matéria que me parece leve gelatina, fluida e amorfa”.
Note
que André Luiz precisou refinar sua capacidade de visualização para melhor
observar os três seres ovoides, em razão da diferença de densidade material
destas criaturas, a perturbar infeliz mulher no mundo espiritual.
Gúbio
aduziu: “São entidades infortunadas,
entregues aos propósitos de vingança e que perderam grandes patrimônios de
tempo, em virtude da revolta que lhes atormenta o ser. Gastaram o perispírito,
sob inenarráveis tormentas de desesperação, e imantam-se, naturalmente, à
mulher que odeiam...”
O caso,
envolvendo uma mulher tirânica, senhora de escravos que desposou um homem, o
qual, anteriormente, se relacionara com escrava da fazenda. Deste
relacionamento indébito, dois filhos foram gerados. Tomada por sentimentos de
triste vingança a dona da fazenda vendeu a escrava, que encontrou a morte pela
febre maligna.
Os dois
filhos, agora órfãos, padeceram vexames e flagelações e caíram minados pela
tuberculose que ninguém socorreu. Desencarnados, mãe e filhos, formaram um trio
que manteve profunda revolta com propósito de vingança àquela que lhes causara
humilhação e morte. Sem qualquer sentimento de piedade impuseram-lhe destrutivo
remorso ao espírito. Dominando-lhe a vida psíquica, transformaram-se para ela
em perigosos carrascos invisíveis. Nesta altura da vida física, adoeceu
gravemente e embora socorrida pelos recursos disponíveis, deixou o corpo físico
a pouco e pouco.
Ao
desencarnar, viu-se perseguida pelas três vítimas de outro tempo, os quais,
após perderem a organização perispirítica (ovoidização), aderiram a
ela, com os princípios de matéria mental que externavam.
Quantas criaturas
encarnadas na Terra, sob terrível desequilíbrio mental, encontram-se
martirizadas por entidades espirituais desencarnadas que lhes foram vítimas,
inocentes ou não, a lhes imporem moléstias na alma que superficializam-se no
corpo físico sem diagnóstico conhecido pela medicina humana, podendo conduzir
até a perda da vida física. Esta simbiose patológica, claramente pode persistir
após a morte na esfera extra-física, querendo nos alertar que o fenômeno da
morte, como diria Chico Xavier, trata-se de mudança completa de casa, sem
mudança essencial da pessoa.
Assim estamos todos nós caros leitores, quando não atentamos
para os ditames da Lei Divina: de um lado o ódio profundo provocando em três almas
a perda da forma física perispiritual, irmãos enfermos que não atenderam ao
ensino de Jesus de perdoar a ofensa setenta vezes sete vezes; por outro lado o
desequilíbrio originado pelo mal deliberadamente colocado em prática e depois,
o remorso consequente, a provar a fatalidade da frase do Cristo que manda ser
dado a cada um segundo suas próprias obras.
Tratando da solução para este caso, André Luiz indaga e o amoroso
instrutor Gúbio elucida que, somente o tempo aliado às justas regras da
reencarnação localizará estas almas sob o mesmo teto, e que, sob a forja do
sacrifício serão reconduzidas à estrada certa.
Referência
(1)
Luiz, André. Libertação. Psicografado por Francisco Cândido
Xavier. 17ª ed. Brasília. Editora FEB, 1995. 263p.
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