segunda-feira, 24 de junho de 2024

 

Espírito com corpo degenerado – Ovoidização – II

 

“A base doutrinária do espiritismo iniciado por Allan Kardec e continuado por Chico Xavier, com toda sua riqueza e seriedade, configura-se em sublime convocação para a continuidade das pesquisas e das descobertas que são afetas ao universo infinito da imortalidade”.

 

Na obra Evolução em Dois Mundos (1), André Luiz nos apresenta valiosos conteúdos para o entendimento da formação dos ovóides. Fator causal de alto significado é o chamado monodeísmo ou ideia fixa.

O homem selvagem, elucida André Luiz, “desperta, fora do corpo denso, qual menino aterrado, que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o desconhecido, permanece, tímido, ao pé dos seus, em cuja companhia passa a viver, noutras condições vibratórias, em processos multifários de simbiose, ansioso por retomar a vida física que lhe surge à imaginação como sendo a única abordável à própria mente”.

Traduzindo, importante conceito nesta obra psicografada por Chico Xavier, refere-se à incapacidade mental do espírito, ainda primitivo, de se localizar, após o desencarne, no mundo espiritual. Faltam-lhe pontos de referências para que possa adaptar-se à nova realidade e em razão disso que muito lhe incomoda, almeja voltar à paisagem terrestre.

Muito feliz em suas palavras, André nos leva a pensar que o espírito primitivo, fazendo, portanto, suas primeiras incursões no corpo físico através da reencarnação, naturalmente deseja “ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetizam a alma”.

Adiciona: “Sentindo-se em clima adverso ao seu modo de ser, o homem primitivo, desenfaixado do envoltório físico, recusa-se ao movimento na esfera extrafísica, submergindo-se lentamente, na atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual, por monoideísmo auto-hipnotizante, provocado pelo pensamento fixo-depressivo (meu grifo) que lhe define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico”.

Assim se forma o corpo ovóide com a “atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual”, ou seja, o espírito desencanado perde a forma perispiritual. Essa forma ovóide, segundo o pensamento de André Luiz, “expressa o corpo mental da individualidade”.

Assim como o ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave poderosa de amanhã, ou como a semente minúscula, que conserva nos tecidos embrionários a árvore vigorosa, da mesma forma a forma ovóide encerra em si todos os princípios e processos biológicos que comandam o desenvolvimento dos órgãos de manifestação dos espíritos, tanto na esfera física como na extra-física.

Para sedimentar esta informação acima, reflitamos sobre questão inserida na obra por nós aqui referida.

- “Como compreenderemos a situação dos centros vitais no caso dos “ovóides”? André Luiz, assistido pelos mensageiros de luz nos informa na resposta:

“Entendereis facilmente a posição dos centros vitais do corpo espiritual, restritos na “ovoidização” – apesar de não terdes elementos terminológicos que a exprimam –, pensando na semente minúscula que encerra dentro dela os princípios organogênicos da árvore em que se converterá de futuro”.

É possível deduzir que a formação ovóide, conforme explicado no texto acima, é uma ocorrência que pode dar-se com frequência maior do que se imagina. Ela pode advir, nas circunstâncias descritas, de uma situação normal, pois são espíritos primitivos que ainda não adquiriram conhecimentos sobre a vida espiritual, porém já reúnem suficiente condição de praticar a ideia fixa ou monodeísmo, pelas razões que o autor espiritual pontuou.

Esse pode ser o porquê destes espíritos não permanecerem por muito tempo no mundo espiritual, sendo postos para reencarnar, após breves períodos na erraticidade.

Por outro lado, a perda da forma perispiritual pode ocorrer a inúmeros desencarnados em situação de desequilíbrio.

Inúmeros espíritos infelizes, após o desencarne e obstinados na ideia de fazerem justiça pelas próprias mãos, procuram envolvem sutilmente aqueles que foram os motivadores de sua desdita na Terra. Estes irmãos auto-hipnotizados por imagens de desforço vingativo, infinitamente repetidas por eles próprios, acabam em deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo, acusando, passo a passo, enormes transformações na morfologia do veículo espiritual (ovoidização).

Apresentando seus órgãos psicossomáticos retraídos, por falta de função, assemelham-se a ovóides, vinculados às próprias vítimas que, lhes aceitam mecanicamente, a influenciação, em razão de nutrirem pensamentos de remorso ou arrependimento tardio, ódio voraz ou egoísmo, que promovem a sintonia entre vítima e algoz como estudado em artigo anterior sobre o remorso, neste blog. Imperfeições que alimentam e se retro-alimentam no próprio cérebro, através de ondas mentais incessantes.

Lembremos que na sua origem a ovoidização é deflagrada por distúrbios na mente caracterizados pelo monodeísmo. É valido ressaltar que nos espíritos encarnados as ideias fixas estão presentes nos estados depressivos (principalmente pelo negativismo, está tudo está ruim, as coisas não vão dar certo, estou mal); nos casos de alta ansiedade e no pânico, dentre outros.

Quando se pensa em ideia fixa a psicologia conceitua como uma preocupação mental que se acredita ser firmemente resistente a qualquer tentativa de modificá-la, como se uma fixação fosse. O nome se origina do francês idée fixe. Este conceito foi introduzido como termo médico no início do século 19, pelo psiquiatra francês Jean-Étienne Dominique Esquirol, discípulo de Phillippe Pinel, que se destacou por caracterizar a ideia fixa como principal característica da monomania, ou como diz André Luiz, monodeísmo.

A monomania, segundo as pesquisas do campo da psiquiatria, pode ser emocional, aquela na qual o paciente é obcecado por uma única emoção ou por várias relacionadas a uma só; ou intelectual, aquela relacionada a um único tipo de ideia.

Continuando com os destaques da obra em estudo, vamos verificar a gravidade do esclarecimento que afirma: “Em relação à criatura humana, o obsessor (espírito desencarnado) passa a viver no clima pessoal da vítima, em perfeita simbiose mórbida, absorvendo-lhe as forças psíquicas, situação essa que, em muitos casos, se prolonga para além da morte física do hospedeiro, conforme a natureza e a extensão dos compromissos morais entre credor e devedor”. Concluímos deste parágrafo que a contenda entre os espíritos conflitantes, pode se perpetuar para o plano invisível, após a desencarnação de ambos.

Remetamos nossa atenção à questão proposta a André Luiz e que nos traz luz sobre esta triste realidade, ignoradas por milhões de irmãos, sobre a continuidade da simbiose referida no plano espiritual:

– “Existem “parasitas ovóides” vampirizando desencarnados?

– Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicativa, nos círculos inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e comoventes pela ignorância e paixão que os provocam”.

Continuaremos no próximo artigo, finalizando este estudo sobre as formações ovoides, com exemplos destas situações nas obras de André Luiz, psicografadas por Chico Xavier.

Referência

(1) Luiz, André. Evolução em dois mundos. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 8ª ed. Brasília. Editora FEB, 1985. 219p.

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