Espírito com corpo degenerado – Ovoidização – II
“A base doutrinária do espiritismo iniciado por Allan Kardec e continuado por Chico Xavier, com toda sua riqueza e seriedade, configura-se em sublime convocação para a continuidade das pesquisas e das descobertas que são afetas ao universo infinito da imortalidade”.
Na obra Evolução em Dois Mundos (1), André Luiz nos apresenta valiosos
conteúdos para o entendimento da formação dos ovóides. Fator causal de alto
significado é o chamado monodeísmo ou ideia fixa.
O homem selvagem, elucida André
Luiz, “desperta, fora do corpo denso, qual menino
aterrado, que, em se sentindo incapaz da separação para arrostar o
desconhecido, permanece, tímido, ao pé dos seus, em cuja companhia passa a
viver, noutras condições vibratórias, em processos multifários de simbiose,
ansioso por retomar a vida física que lhe surge à imaginação como sendo a única
abordável à própria mente”.
Traduzindo, importante conceito nesta
obra psicografada por Chico Xavier, refere-se à incapacidade mental do espírito,
ainda primitivo, de se localizar, após o desencarne, no mundo espiritual. Faltam-lhe
pontos de referências para que possa adaptar-se à nova realidade e em razão disso
que muito lhe incomoda, almeja voltar à paisagem terrestre.
Muito feliz em suas palavras, André nos leva a pensar que o
espírito primitivo, fazendo, portanto, suas primeiras incursões no corpo físico
através da reencarnação, naturalmente deseja “ressurgir na própria taba e renascer na carne, cujas exalações lhe magnetizam
a alma”.
Adiciona: “Sentindo-se
em clima adverso ao seu modo de ser, o homem primitivo, desenfaixado do
envoltório físico, recusa-se ao movimento na esfera extrafísica, submergindo-se
lentamente, na atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual, por
monoideísmo auto-hipnotizante, provocado pelo pensamento fixo-depressivo
(meu grifo) que lhe define o anseio de retorno ao abrigo fisiológico”.
Assim se forma o corpo ovóide com a “atrofia das células que lhe tecem o corpo espiritual”, ou seja, o
espírito desencanado perde a forma perispiritual. Essa forma ovóide, segundo o
pensamento de André Luiz, “expressa o
corpo mental da individualidade”.
Assim como o ovo, aparentemente simples, guarda hoje a ave
poderosa de amanhã, ou como a semente minúscula, que conserva nos tecidos
embrionários a árvore vigorosa, da mesma forma a forma
ovóide encerra em si todos os princípios e processos
biológicos que comandam o desenvolvimento dos órgãos de manifestação dos
espíritos, tanto na esfera física como na extra-física.
Para sedimentar esta informação acima,
reflitamos sobre questão inserida na obra por nós aqui referida.
- “Como compreenderemos a situação dos centros
vitais no caso dos “ovóides”? André Luiz, assistido pelos mensageiros de luz nos informa na
resposta:
– “Entendereis facilmente a posição dos centros vitais do corpo
espiritual, restritos na “ovoidização” – apesar de não terdes elementos
terminológicos que a exprimam –, pensando na semente minúscula que encerra
dentro dela os princípios organogênicos da árvore em que se converterá de
futuro”.
É possível deduzir que a formação ovóide, conforme explicado
no texto acima, é uma ocorrência que pode dar-se com frequência maior do que se
imagina. Ela pode advir, nas circunstâncias descritas, de uma situação normal,
pois são espíritos primitivos que ainda não adquiriram conhecimentos sobre a
vida espiritual, porém já reúnem suficiente condição de praticar a ideia fixa
ou monodeísmo, pelas razões que o autor espiritual pontuou.
Esse pode ser o porquê destes espíritos não permanecerem por muito
tempo no mundo espiritual, sendo postos para reencarnar, após breves períodos
na erraticidade.
Por outro lado, a perda da forma perispiritual pode ocorrer a
inúmeros desencarnados em situação de desequilíbrio.
Inúmeros espíritos infelizes, após
o desencarne e obstinados na ideia de fazerem justiça pelas próprias mãos, procuram
envolvem sutilmente aqueles que foram os motivadores de sua desdita na Terra.
Estes irmãos auto-hipnotizados por imagens de desforço vingativo, infinitamente
repetidas por eles próprios, acabam em deplorável fixação monoideística, fora
das noções de espaço e tempo, acusando, passo a passo, enormes transformações
na morfologia do veículo espiritual (ovoidização).
Apresentando seus órgãos psicossomáticos
retraídos, por falta de função, assemelham-se a ovóides, vinculados às próprias
vítimas que, lhes aceitam mecanicamente, a influenciação, em razão de nutrirem pensamentos
de remorso ou arrependimento tardio, ódio voraz ou egoísmo, que promovem a
sintonia entre vítima e algoz como estudado em artigo anterior sobre o remorso,
neste blog. Imperfeições que alimentam e se retro-alimentam no próprio cérebro,
através de ondas mentais incessantes.
Lembremos que na sua origem a ovoidização
é deflagrada por distúrbios na mente caracterizados
pelo monodeísmo. É valido ressaltar que nos espíritos encarnados as ideias
fixas estão presentes nos estados
depressivos (principalmente pelo
negativismo, está tudo está ruim, as coisas não vão dar certo, estou mal);
nos casos de alta ansiedade e no pânico, dentre outros.
Quando se pensa em ideia fixa a psicologia conceitua como uma
preocupação mental que se acredita ser firmemente resistente a qualquer
tentativa de modificá-la, como se uma fixação fosse. O nome se origina do francês idée fixe. Este conceito foi introduzido como termo
médico no início do século 19, pelo psiquiatra
francês Jean-Étienne Dominique Esquirol, discípulo de Phillippe Pinel, que se
destacou por caracterizar a ideia fixa como principal característica da
monomania, ou como diz André Luiz, monodeísmo.
A monomania, segundo as pesquisas do campo da
psiquiatria, pode ser emocional, aquela na qual o paciente é obcecado
por uma única emoção ou por várias relacionadas a uma só; ou intelectual,
aquela relacionada a um único tipo de ideia.
Continuando com os destaques da
obra em estudo, vamos verificar a gravidade do esclarecimento que afirma: “Em relação à criatura humana, o obsessor
(espírito desencarnado) passa a viver no clima pessoal da vítima, em perfeita
simbiose mórbida, absorvendo-lhe as forças psíquicas, situação essa que, em
muitos casos, se prolonga para além da morte física do hospedeiro, conforme a natureza
e a extensão dos compromissos morais entre credor e devedor”. Concluímos
deste parágrafo que a contenda entre os espíritos conflitantes, pode se
perpetuar para o plano invisível, após a desencarnação de ambos.
Remetamos nossa atenção à questão
proposta a André Luiz e que nos traz luz sobre esta triste realidade, ignoradas
por milhões de irmãos, sobre a continuidade da simbiose referida no plano
espiritual:
– “Existem “parasitas ovóides” vampirizando desencarnados?
– Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicativa, nos círculos
inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre dolorosos e
comoventes pela ignorância e paixão que os provocam”.
Continuaremos no próximo artigo, finalizando este estudo
sobre as formações ovoides, com exemplos destas situações nas
obras de André Luiz, psicografadas por Chico Xavier.
Referência
(1)
Luiz, André. Evolução em dois mundos. Psicografado por
Francisco Cândido Xavier. 8ª ed. Brasília. Editora FEB, 1985. 219p.